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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

De vez



Bom mesmo seria perder o medo...
O medo de perder.
O medo de estar só.
O medo de não ser aceita.
O medo de não ser amada.
O medo do castigo.
O medo do inferno.
O medo da morte.
O medo da vida.
O medo de ter medo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Felicidade


Palavra que queria tatuar
na alma.


Porque um estado interior,
um estado de graça
não pode depender de nada
nem de ninguém.


Dizem que é uma escolha,
mas creio que depende
de um aprendizado
que ainda não alcancei...


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Horizonte


Que bom para a estrela
que tudo
está no mesmo lugar...

Sol e mar.

Será?

Acalanto


A estrela...

Ama.


O sol

porque lhe dá luz, calor e alegria.


O mar

porque a embala, lhe traz cor e paz.


Precisa de luz

para espantar o medo do bicho papão

e a escuridão do seu interior.


De calor

para viver.


De alegria

para espantar a melancolia.


Ser embalada,

para se sentir acolhida

e aconchegada.


De cor

para dar sentido à vida.


De paz

para ter.


Ama

porque sabe amar.


Porque só sabe amar.






Bum


É tão difícil não poder falar, compartilhar,

gritar, chorar, extravasar, pôr pra fora...


Tem coisa demais dentro de mim.

Só crescendo muito pra caber...


Feito balão de festa que esticou demais,

às vezes acho que vou estourar...

Mea culpa


Como se me martirizar
pudesse me trazer alguma absolvição...
Hoje tou me sentindo culpada.
Por estar vivendo normalmente.
Por continuar dormindo, acordando,
comendo, conversando, beijando,
fazendo amor e amando,
loucamente e intensamente,
do único jeito que eu sei.
Por reclamar de pequenas coisas.
Por sofrer.
Por ainda dar importância a coisas
que de de repente
perderam toda a importância.
Por sentir...
Por pensar em coisas fúteis,.
Por até rir às vezes!
Por estar sã.
Por ser saudável.
Por ter o meu corpo inteiro...
Enquanto tem gente se desmanchando,
literalmente, de um jeito avassalador.
Me sinto quase uma criminosa.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Compondo


Porque a felicidade é uma colcha de retalhos...

Cheiros, amaciante, lar, café, amor, mar, Deus,

sentido, vida, felicidade, sol, alma, coração...

Que todas essas e outras sensações

possam formar um ser inteiro que sou eu.

E que eu possa ser um inteiro.

Porque eu sou uma colcha de retalhos...

Um amontoado de palavras avulsas e desconexas

tentando fazer algum sentido.

Movida pelos cinco (e outros) sentidos.


Colcha de retalhos

Cheirinho de amaciante me lembra lar.

Cheirinho de café me lembra amor.

Cheiro de mar me lembra Deus.

Meu quarto arrumado me traz paz.


Obrigada, Pai,

pelas pequenas grandes coisas

que dão sentido à vida,

que me fazem sentir feliz,

que vão compondo a felicidade!


Obrigada, Sol,

por aquecer e iluminar

meu dia e minha vida,

a alma e o coração!


Vontade de pôr a alma pra quarar...



Só riso



Ah que bom seria
se eu pudesse rir
toda vez que sentisse
vontade de chorar...


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Coragem (para Samantha)

Pra falar de você, primeiro tive que me perguntar como eu te vejo.
E posso te dizer que não foi fácil.
Não porque você seja do tipo que passa despercebida. Muito pelo contrário.
Como boa leonina, gosta de ser vista, admirada, de ter os olhos sobre si, de brilhar. E brilha, viu!
Falo de te enxergar por dentro. Isso sim, é tarefa difícil.

Descobri que pra mim você é um mistério.
Menina faceira?
Mulher brejeira?
Adolescente chata? (Redundância, né?)
Aluna brilhante?
Bonita? Inteligente? Difícil? Geniosa? Língua afiada? Dura na queda? Obstinada? Forte?

Descobri que você não se encaixa em nenhuma definição...
Porque você é muito maior que tudo isso.
Você é você, a nossa Samantha, um universo único e infinito de possibilidades.
A nossa bruxinha boa, a nossa feiticeira do bem, que com a sua magia pode fazer tudo acontecer, que pode fazer qualquer coisa, escolher o caminho que quiser, pois sempre chegará lá.
Você é aquela que faz acontecer.

Então, debruçando-me sobre você detidamente com a minha lupa, buscando te enxergar profundamente, o que ficou mais claro pra mim foi que por trás da capa dura existe alguém muito sensível.
Alguém que amamos e que nos fez falta.
Alguém que vai longe.

Um pássaro que se mostrou pronto para voar, para alçar voos cada vez mais altos. Para sempre voltar, trazendo-nos consigo suas novas riquezas.
Tenho que confessar que, de todas as suas qualidades, boas ou más, a que eu mais admiro, mais até que a determinação, é a coragem.

Te admiro imensamente, sinto muito orgulho de você (e confesso que até uma pontinha de inveja) pela sua coragem.
Coragem de se aventurar, de pagar pra ver, de se arriscar a voar sem medo de cair.
Ou melhor, coragem de enfrentar o medo de cair.
Coragem que a titia velha aqui, mulher madura, não passa nem perto.

Então, se eu tivesse que te definir em apenas uma palavra, seria essa: CORAGEM.

Seja bem vinda, Sammy!
Bem vinda de volta pra nós!
Bem vinda de volta à segurança do ninho, que sempre há de te acompanhar, em todos os voos, todas as vezes, até você voltar.
Bem vinda a todos os cantos do mundo que ainda há de enriquecer com a sua presença.
Benditas sejam as suas asas! Que sempre possam te levar e te trazer de volta!

Daqui prá frente, nada nem ninguém te segura.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nada Sei (apneia) - Kid Abelha





Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber...
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...
Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar...
Nesse mar, os segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto o tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto o tempo
Me deixar passar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...

A Fé e o medo

Sei que o medo,

ao menos em tese,

seria uma negação da Fé.


Fé e medo são teoricamente

incompatíveis.


Nada tem a temer

quem sabe que o Pai está no leme.

Há que confiar!


Mas eu

sou uma contradição,

um ser em construção.

E não posso evitar de sentir medo.


É mais forte que eu.


Bicho papão

Tenho medo do mundo.

Tenho medo da vida.

Tenho medo de tudo.


Não quero sair

da minha caverna.


Preciso de um colo

que ninguém tem pra me dar.




Verdades

Porque eu mesma
não faço sentido
e a minha verdade
não é igual
à de mais ninguém...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Impossibilidade


Ansiando ser só barriga e braços

pra poder te proteger,

te acalentar,

de acolher,

te confortar...


Tudo que posso te oferecer

é um café e um cafuné.


Te amando de um jeito

que não cabe no peito,

derrama,

transborda,

transcende,

extrapola...


Te bebo pelos olhos,

pelas mãos,

por todos os poros.


 

Definição de filhos por José Saramago

 
"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".

 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Religião Urbana (por Liane Mota)





 
Sim, eu tive o privilegio de ser uma das oito mil pessoas que estavam ontem, no Espaço das Américas, em São Paulo, durante a execução da música Faroeste Caboclo, no segundo dia do Tributo à Legião Urbana, promovido pela MTV. Música, assim como TODAS as outras, executada com maestria através da guitarra de Dado Villa Lobos, da bateria de Marcelo Bonfa e dos demais musicos convidados. Ah, e lógico que também através da voz maravilhosa e (ontem sim) afinada de Wagner Moura, o astro (lindo) do show. Então, após ter assistido ao primeiro dia de tributo pela tv, pude finalmente montar a minha própria opinião. Minha humilde certeza é única: de que esse foi, senão o melhor, um dos melhores e maiores momentos da música brasileira, quer você goste de Legião Urbana, admire Renato Russo ou não.

O termo que Renato Russo mais detestava, pois odiava o fanatismo, é o melhor para definir o que vi ontem, o que senti no show de ontem: milhares de pessoas ávidas pelos versos da Legião, como se fossem as únicas palavras que fizessem sentido no mundo. Não apenas uma banda, uma religião. Amigos que assistiram ao primeiro show, de casa, pela tv, ou até mesmo lá, ao vivo: tenho absoluta certeza de que ontem, foi tudo diferente. E mágico! É impossível explicar a sensação de estar a poucos metros dos integrantes originais da banda, a poucos metros dos ídolos que marcaram e continuam marcando gerações, impossível explicar como foi fazer parte de tudo aquilo. De ouvir todas aquelas músicas e sentir aquela "vibe" da galera e da banda. 

Nunca poderia imaginar que seria assim, fui meio descrente para o show, sabe? E se sem o Renato Russo foi assim, como seria com ele no palco? Fico imaginando as pessoas entrando em um estado de êxtase, transe. Só isso que imagino. Wagner Moura? (lindo) Nem ai pras críticas, (lindo) nem ai pra nada. Ele só queria se divertir e transmitir a sensação de estar ali no palco, vivendo aquilo, para todos nós. E foi perfeito em sua missão (Lindo). Por várias vezes, fechei os olhos e não acreditei que estava ali. Por várias vezes eu agradeci por ter ido ao segundo dia, e não no primeiro, por que ali, o show estava perfeito. O som, a voz, as guitarras, todos os acordes. Agradeci por que sei que outros milhares gostariam de estar no meu lugar, sendo até injusto um tributo desse em apenas dois dias ou em um local tão pequeno, em uma única cidade. A maior banda do Brasil, com certeza.

Á você que teve a honra de assistir a um show da Legião Urbana com a formação original, meus parabéns e até um tiquinho de inveja da minha parte. Porém, eu sei que vou levar pra sempre, na memória, esse show também. Esse tributo, a melhor homenagem que a banda, a MTV, que todos poderiam ter feito ao Renato, às suas músicas, à sua história e trajetória. Defeitos? Muitos! Criticas? Diversas! Mas sem nada disso, não teria sido tão bom. Então, pra mim, PERFEIÇÃO, define.

Por Liane Mota 


--

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Eu Quero Ser Feliz Agora (Oswaldo Montenegro)


Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
Que quem tem medo Deus adora

Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora
Que você volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...

Eu quero ser feliz Agora (2x)
Se alguém vier com papo perigoso de dizer que é preciso paciência pra viver.
Que andando ali quieto
Comportado, limitado
Só coitado, você não vai se perder
Que manso imitando uma boiada, você vai boca fechada pro curral sem merecer
Que Deus só manda ajuda a quem se ferra, e quando o guarda-chuva emperra certamente vai chover.
Se joga na primeira ousadia, que tá pra nascer o dia do futuro que te adora.
E bota o microfone na lapela, olha pra vida e diz pra ela...

Eu quero ser feliz agora (2x)
Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
E que quem tem medo deus adora

Se alguém disser pra você não dançar
E que nessa festa você tá de fora
Que volte pro rebanho.

Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz Agora (3x)

Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Urgência


Já estou te vendo

em todos os cantos...


E a sede,

mais urgente ainda que a carnal,

é da tua energia...



 

domingo, 20 de maio de 2012

Para Elas (Alice Ruiz)


Amor que se dedica
Amor que não se explica
Até quando se vai
Parece que ainda fica
Olhando você sair
Sabendo que vai cair
Deixar que saia
Deixar que caia

Por mais que vá sofrer
É o jeito de aprender
E o teu caminho
Só você vai percorrer
Se você vence, eu venço
Se você perde, eu perco
E nada posso fazer
Só deixar você viver

Enchemos a vida
De filhos
Que nos enchem a vida

Um me enche de lembranças
Que me enchem
De lágrimas

Outro me enche de alegrias
Que enchem minhas noites
De dias

Outro me enche de esperanças
E receios
Enquanto me incham
Os seios

Amor que se dedica
Amor que não se explica
Até quando se vai
Parece que ainda fica
Olhando você sair
Sabendo que vai cair
Deixar que saia
Deixar que caia

Por mais que vá sofrer
É o jeito de aprender
E o teu caminho
Só você vai percorrer
Se você vence, eu venço
Se você perde, eu perco
E nada posso fazer
Só deixar você viver

Só olhar você sofrer
Só olhar você aprender
Só olhar você crescer
Só olhar você amar
Só olhar você...

(Composição: Alzira Espíndola/ Alice Ruiz)

domingo, 13 de maio de 2012

Ser mãe



  
"A missão de ser mãe quase sempre começa com alguns meses de muito enjoo, seguido por anseios incontroláveis por comidas estranhas, aumento de peso, dores na coluna, o aprimoramento da arte de arrumar travesseiros preenchendo espaços entre o volume da barriga e o resto da cama.

Ser mãe é não esquecer a emoção do primeiro movimento do bebezinho dentro da barriga. 

O instante maravilhoso em que ele se materializou ante os seus olhos, a boquinha sugando o leite, com vontade, e o primeiro sorriso de reconhecimento. 

Ser mãe é ficar noites sem dormir, é sofrer com as cólicas do bebê e se angustiar com os choros inexplicáveis: será dor de ouvido, fralda molhada, fome, desejo de colo? 

É a inquietação com os resfriados, pânico com a ameaça de pneumonia, coração partido com a tristeza causada pela morte do bichinho de estimação do pequerrucho. 

Ser mãe é ajudar o filho a largar a chupeta e a mamadeira. É levá-lo para a escola e segurar suas mãos na hora da vacina. 

Ser mãe é se deslumbrar em ver o filho se revelando em suas características únicas, é observar suas descobertas. 

Sentir sua mãozinha procurando a proteção da sua, o corpinho se aconchegando debaixo dos cobertores. 

É assistir aos avanços, sorrir com as vitórias e ampará-lo nas pequenas derrotas. É ouvir as confidências. 

Ser mãe é ler sobre uma tragédia no jornal e se perguntar: E se tivesse sido meu filho? 

E ante fotos de crianças famintas, se perguntar se pode haver dor maior do que ver um filho morrer de fome. 

Ser mãe é descobrir que se pode amar ainda mais um homem ao vê-lo passar talco, cuidadosamente, no bebê ou ao observá-lo sentado no chão, brincando com o filho. 

É se apaixonar de novo pelo marido, mas por razões que antes de ser mãe consideraria muito pouco românticas. 

É sentir-se invadir de felicidade ante o milagre que é uma criança dando seus primeiros passos, conseguindo expressar toscamente em palavras seus sentimentos, juntando as letras numa frase. 

Ser mãe é se inundar de alegria ao ouvir uma gargalhadinha gostosa, ao ver o filho acertando a bola no gol ou mergulhando corajosamente do trampolim mais alto. 

Ser mãe é descobrir que, por mais sofisticada que se possa ser, por mais elegante, um grito aflito de mamãe a faz derrubar o suflê ou o cristal mais fino, sem a menor hesitação. 

Ser mãe é descobrir que sua vida tem menos valor depois que chega o bebê. 

Que se deseja sacrificar a vida para poupar a do filho, mas ao mesmo tempo deseja viver mais º não para realizar os seus sonhos, mas para ver a criança realizar os dela. 

É ouvir o filho falar da primeira namorada, da primeira decepção e quase morrer de apreensão na primeira vez que ele se aventurar ao volante de um carro. 

É ficar acordada de noite, imaginando mil coisas, até ouvir o barulho da chave na fechadura da porta e os passos do jovem, ecoando portas adentro do lar. 

Finalmente, é se inundar de gratidão por tudo que se recebe e se aprende com o filho, pelo crescimento que ele proporciona, pela alegria profunda que ele dá. 

Ser mãe é aguardar o momento de ser avó, para renovar as etapas da emoção, numa dimensão diferente de doçura e entendimento. 

É estreitar nos braços o filho do filho e descobrir no rostinho minúsculo, os traços maravilhosos do bem mais precioso que lhe foi confiado ao coração: um Espírito imortal vestido nas carnes de seu filho. "

(Redação do Momento Espírita, com base no cap. Dia das mães, de autoria de Sharon Nicola Cramer e no cap. Isso vai mudar totalmente a sua vida, de autoria de Dale Hanson, ambos extraídos da obra Histórias para aquecer o coração, v. 2, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante.)


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Nostalgia

 

Sinto saudades

de quando se importava comigo.


Sinto falta

de quando queria me entender.

Das tentativas de decifrar meus sentimentos.

Dos esforços pra adivinhar meus pensamentos.

Que hoje prefere não saber.


Sinto falta da cumplicidade.


Das amigas.

Com quem podia desabafar.

Sinto falta de desabafar.

Sem julgamentos.


Sinto falta de compartilhar.


Das confidentes.

Que hoje já não têm mais paciência.

Ou desprendimento

Ou distanciamento

Ou imparcialidade

Ou parcialidade.

Ou tempo.

De me ouvir.


Cresceram.

Eu não?


Sinto vontade de gritar.

Para o mundo.

Mas não posso.

Se pudesse,

ninguém ia querer me ouvir.


Sinto falta daquela maravilhosa sensação.


De acreditar.

Que com você eu finalmente podia.

Ser eu mesma.

Autêntica e transparente.


Demonstrar sentimentos.

Falar o que passasse pela cabeça.

Sem medo.

Como diz a canção.

Mas escrevi antes.


Isso me deixava extasiada!

Fazia-me sentir tão livre!

E tão importante!


Éramos tão jovens!

E tão empolgados!

Só que eu ainda sou!


Ainda tenho em mim o mesmo fogo.

A mesma euforia.

Que vivo abafando e sufocando todo dia.

Até um dia eu me apagar completamente.


Não percebe?

Que isso está nos distanciando?

Não vê?

Que cada palavra não dita

vai criando

e aumentando

um abismo entre nós?






terça-feira, 8 de maio de 2012

Velhas crenças

 
Sei que é futilidade, mas tô chateada de ficar longe do meu brinquedinho novo... :(

Meu presente de dia das mães, poxa! :(

Meu primeiro galax... :(


Acho que a culpa é minha, porque já compro com culpa!

Parece até que uma pessoa que já trabalhou 24 anos não tem direito de comprar o que lhe der na telha com o SEU dinheiro, fruto do SEU trabalho.

- Quem é você pra se dar ao luxo desses luxos???


É como se não merecesse nada de bom.

Nada que não seja para os outros ou que tenha uma utilidade objetiva, uma finalidade altruísta.

Nada para simplesmente ME agradar.

Nada para meu deleite ou divertimento.

Nada PRA MIM.


O que me remete a coisas bem mais profundas.


Eu mereço o melhor, eu mereço o melhor, eu mereço SEMPRE o melhor.

A vida sempre me reserva o melhor.

Quem sabe repetindo mil vezes acabo acreditando.

Quem sabe consigo deletar e substituir a crença antiga, arraigada e profunda...


Preciso ligar pro meu terapeuta...




 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vontades

 

Dentro de mim há tantas diversas pessoas...


Uma quer dormir.

A outra quer sair, curtir, se divertir, ouvir música, beber, conversar e rir.

A outra quer dançar e beijar muito.

A outra quer ir ao cinema.

A outra trabalhar.

A outra visitar...


Vence sempre a cama.


 

sábado, 14 de abril de 2012

O tempo, a vida e as perdas


Das coisas que o tempo me levou,

as que mais lamento ter perdido pela vida,

a primeira é ingenuidade,

a segunda o coração aberto.


Sempre tive o coração aberto.

Naturalmente aberto.

Eu nasci com o coração aberto.

100% aberto.


O que a vida faz com a gente...

O tempo, a vida e as certezas

Eu tinha tantas certezas...
Agora só tenho dúvidas...

Eu tive tantas certezas...
Hoje só tenho dúvidas...

Quanto mais o tempo passa,
menos certezas e mais dúvidas eu tenho...

O que a vida vai fazendo com a gente...

sábado, 7 de abril de 2012

Sobre Deus (texto do filósofo Baruch Spinoza - 1632-1677)



"Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Para de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida,que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada,terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Para de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?...
Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

Baruch Spinoza (1632-1677)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Estranhamento

Estranho é não sentir saudade de alguém que se foi,

mas de quem um dia alguém foi...

 

 
 

A arte de ser avó/(avô (Rachel de Queiroz)

Netos são como herança. Você ganha sem merecer.
Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu...
É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem
as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as
dores da maternidade.E não se trata de um filho apenas suposto.
O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, filho do filho,
mais filho que filho mesmo...
  
Cinqüenta anos, cinqüenta e cinco... Você sente, obscuramente,
nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que se esperava.
Não lhe incomoda envelhecer, é claro.
A velhice tem suas alegrias, as suas compensações:
todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha
descoberto, mas acredita. Todavia, também, obscuramente,também
sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.
Não de amores com suas paixões:
a doçura da meia idade não lhe exige essa efervescência.
A saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu, sutilmente,
junto com a mocidade. Bracinhos de criança.
O tumulto da presença infantil ao seu redor.
Meu Deus, para onde foram as suas crianças?
Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos,
que tem sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações,
você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas.
São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias
da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê.
Completamente grátis. Nisso é que está a maravilha.
Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de
saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha,
longe de ser um estranho, é um filho seu que lhe é devolvido.
E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com
extravagância. Ao contrário, lhe causaria espanto, decepção se você não
o acolhesse com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava
desdenhado no seu coração.
Sim, tenho a certeza de que a vida nos dos dá netos para nos compensar
de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos
e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos
arroubos juvenis. E, quando você vai embalar o menino ao som de
"passarinho como vai" ele, tonto de sono abre os olhinhos e diz :
"Vovó", seu coração estala de felicidade, como pão no forno! "

domingo, 25 de março de 2012

De repente, 60 (texto de Regina de Castro Pompeu)

Regina de Castro Pompeu, terceira colocada no Prêmio Longevidade Bradesco de Jornalismo, Histórias de Vida, com o texto "De repente 60"
De forma despretensiosa, inscrevi um texto no concurso Prêmios Longevidade Bradesco Histórias de Vida.
Estou chegando de São Paulo, onde fui participar da premiação.
Mandaram um motorista me buscar e me trazer e fiquei num super-hotel nos Jardins, acompanhada de meu príncipe consorte rs rs rs rs.
Entre quase 200 concorrentes, conquistei o 3º lugar, com direito a troféu e diploma.
Mas, sinto como se tivesse recebido o Oscar, pois os primeiros colocados foram jovens que trabalharam por alguns anos para escrever histórias que mereciam ser contadas.
Meu texto foi o único produzido pela própria protagonista.

O tema central era o Relacionamento Intergeracional.

Quase caí da cadeira quando Nicete Bruno, jurada especial me perguntou: "Você é a Regina? Queria muito conhecê-la. Adorei seu texto!!"
Tive, ainda, o privilégio de ser fotografada ao lado da convidada especial, Shirley MacLaine.
É muita emoção, que gostaria de compartilhar com vocês.
Abaixo, o texto premiado.
Beijos
Regina
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DE REPENTE 60 (ou 2x30)
Ao completar sessenta anos, lembrei do filme "De repente 30", em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.
Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.
Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?
Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos.
Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!
Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.
Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.
Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.
Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.
Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e impeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).
Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões, vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.
Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet. Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.
Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.
Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado.
Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).
Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.
A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.
Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...
Mas, do que é que eu estava falando mesmo?
Ah, sim, dos meus sessenta.
Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar "Tranquilidade Pós-Menopausa".
Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex...agenária!